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Quando é que a terapia da fala tem impacto na respiração e na saúde integral


Respirar. É tão automático que não pensamos em como o fazemos, no milagre que é estarmos vivos. A respiração pode ser uma grande fragilidade ou uma força que usamos como recurso nos momentos mais desafiantes da vida. Para que conheça as possibilidades que a respiração pode dar à sua vida, hoje escrevo sobre quando é que a terapia da fala tem impacto na respiração e na saúde integral. Continue a ler, digerindo cada palavra como se não tivesse mais nada para fazer.


Uma sorte infeliz


- Nunca fui muito bom aluno. Quando andava na escola só queria brincar. Nem sequer gostava de ir pra escola, era sempre um filme.


- Porquê? – Pergunto.


- Não sei, era assim. Hoje arrependo-me, se tivesse estudado…


- Como é que respiras?


Risos. - Sei lá, respiro.


 - Vou falar-te de uma pessoa. É um instrutor de respiração. – Disse. - Quando ele andava na escola tinha sempre dificuldade em aprender. Tinha que estudar muito mais do que os outros para aprender as mesmas coisas. E por muito que se esforçasse parece que nunca conseguia chegar aos melhores alunos. Ficava sempre a meio da tabela. Ia passando de ano a ano e a vida também ia passando por ele. Quando começou a universidade as coisas pioraram. Tudo o que fazia era estudar e estava sempre cansado. Acabou o curso e começou a trabalhar, e estava sempre cansado. Até que um dia, deu de caras com um artigo sobre respiração que mudou a vida dele. Atualmente, é instrutor de respiração.


- Está bem. E o que que isso tem a ver comigo? Eu não gostava da escola, não me esforçava.


- Tens a certeza disso? – Questionei.


- De quê?


- De que não te esforçavas.


Baixou a cabeça. – Acho que nunca fui muito inteligente.


- Quando respiras pelo nariz a tua inteligência aumenta. A descoberta que este senhor fez foi que tinha passado toda a vida a respirar pela boca. Por isso o cérebro recebia menos 20% do oxigénio, ele tinha sonos agitados, andava sempre ansioso e demorava mais tempo a memorizar o que aprendia. Ou seja, a forma como respirava diminuía as suas capacidades cognitivas.


- Ah! Tenho sinusite.


- Como é que respiras? – Repeti a pergunta.


- Acho que respiro pela boca. Sempre respirei assim. Não sabia… Achas que foi por isso que não aprendi bem na escola?


- Não sei a 100%, mas era certamente uma das razões mais importantes, podia haver outras. O ensino era diferente nessa época e as adaptações curriculares ainda não tinham chegado a este lado do mundo.


- Se fosse hoje podia ser bom aluno? Se tratasse a respiração?


- Sim, terias sido muito melhor aluno se respirasses pelo nariz, porque ficarias menos ansioso, dormias melhor, memorizavas mais facilmente.


- Precisava de terapia da fala? Por causa da respiração?


- Sim. Para deixares de ser respirador oral e passares a ser respirador nasal. Isso faz toda a diferença na saúde. Sem saúde não se aprende bem.


- Se fosse agora … eu podia ter uma vida diferente.


- Ainda podes. A respiração pode ser mudada a qualquer idade.


- Achas que vale a pena, com esta idade?


Desta vez fui eu a rir. Ri-me porque somos da mesma idade, e eu ainda considero que sou muito nova. (mais sobre a idade aqui)


- Não sou eu que tenho de decidir isso. Tu é que tens de saber se vale a pena para ti.


- Podia dormir melhor, ter menos dores de cabeça?


- Sim. O sono é uma das primeiras melhorias que as pessoas notam. Também se sentem mais calmas, quando começam a respirar pelo nariz.


- Não sei se vale a pena. – Suspirou.


- Atualmente as pessoas vivem para lá dos 80 anos. A longevidade saudável é um dos grandes desafios dos nossos tempos. Quantos anos tens para viver até chegar aos 80? E como queres vivê-los? Que impacto terá a tua saúde na forma como te relacionas com as pessoas? No teu trabalho? Na tua autoestima?


- Não sei. – Respondeu pensativo.


- Só tu é que podes saber.

 

A responsabilidade pela saúde


Muito do que não conseguimos explicar é atribuído à sorte ou ao destino. A saúde é tão complexa que nos colocamos nas mãos dos especialistas e contamos com a sorte. Quando algo corre mal, foi o fado que está para lá do nosso controlo.


Será verdade?


A saúde tem 3 pilares: a respiração, a alimentação e o movimento. Estes pilares são transversais a todas as especialidades. E todos eles dependem de cada um de nós.


Quem se responsabiliza pela forma como você respira? O seu médico? A sua terapeuta da fala?


Quem assume a responsabilidade pelo exercício físico que faz? O seu chefe ou o seu patrão?


Quem decide o que você come? A sua mãe? Se respondeu sim à pergunta anterior, quantos anos tem?


Muita da sorte ou azar que atribuímos à nossa saúde depende exclusivamente de nós.


Não temos uma cultura de saúde


Chamamos cuidados de saúde aos serviços que procuramos quando estamos doentes. E não há, de facto, uma política de prevenção da doença neste país.


As tentativas que vão sendo feitas são escassas e pouco impacto têm na vida das pessoas.


Sejamos realistas! Uma campanha de sensibilização muda os hábitos alimentares de alguém?

Não é a informação sobre a saúde que falta. Talvez até seja o oposto. Muitas pessoas ficam sem saber o que fazer e apenas consomem informação, sem mudar em nada os seus hábitos.


É frequente, as pessoas receberem conselhos destes: “não pode comer carne salgada, enchidos, e gorduras.”, “Deve evitar comer doces”. E pronto, por milagre das palavras os hábitos mudam-se!


É óbvio que não é assim que as pessoas mudam os seus hábitos, no entanto isso continua a ser feito diariamente nos nossos serviços de saúde. Até hoje não funcionou, mas pode ser que amanhã funcione… é preferível a serem os profissionais de saúde a mudar, certo?


Este ano, numa das conferências que assisti, ouvia um cardiologista falar sobre prevenção em saúde, falava sobre alimentação e sobretudo de exercício físico regular. Fiquei pasmada! Só pensei “Com essa barriga?! Que belo exemplo de saúde que dá.” É claro que respirava mal, será que ainda não sabia ou não queria saber? Talvez não tivesse tempo para respirar melhor.


Nunca confiaria a minha saúde a um médico que não faz aquilo que apregoa.


Se nem os profissionais de saúde fazem o que sabem ser o mais saudável, como é que vão convencer os seus doentes a mudar de hábitos só com informação sobre o que devia ser feito?


Ainda não tiveram sucesso nestes anos todos de serviço de saúde em Portugal, mas amanhã pode ser o dia em que o que não funcionou durante anos passe a funcionar. E é a isso que chamamos sorte, porque teria de ser mesmo um milagre.


A terapia da fala e a saúde integral


A fala começa na respiração, por isso quando há alguma doença respiratória, otimizar a forma como se respira vai melhorar os sintomas. Para ir à terapia da fala trabalhar a sua respiração não precisa de falar mal. Em alguns casos, como na asma há evidência de cura ou crises residuais em pessoas que faziam medicação diária desde crianças (e deixaram de o fazer após mudar a forma como respiravam).


As dificuldades de aprendizagem associadas a alteações da respiração não estão devidamente identificadas. Ao respirarem pela boca as crianças ficam mais ansiosas, o sono tem menor qualidade, a atenção menos foco, a aprendizagem é mais lenta. É frequente ouvir os pais dizerem que estas crianças, apesar de expressarem a sua inteligência de outras formas, não gostam da escola.


Não conseguir aprender na escola é algo que destrói a autoestima das pessoas. Algumas conseguem superar esse trauma; muitas ficam a contentar-se com os mínimos que a vida lhes dá, sem nunca expressam o seu potencial humano plenamente.


O impacto que a respiração tem na saúde é sistémico. Melhorando a forma com respira, com um plano personalizado de respiração, transforma a sua vida.


Muitas são os relatos de pessoas que descobrem que afinal, tudo aquilo que era tão difícil para elas tinha a ver com a forma com respiravam. Eliminando as limitações aumentamos as possibilidades de viver livremente.


No programa 50+ Saúde, um pequeno grupo de adultos é orientado a descobrir a respiração integral. Seja qual for a idade os ganhos de energia, força, serenidade e qualidade do sono, são sempre transformadores.


Viva Integralmente,

Andreia

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