A arte da cura
- Andreia Ferreira Campos 
- 7 de set.
- 5 min de leitura

Curar significa tornar inteiro. Pegar nas partes que ficaram desorganizadas ou desligadas do todo, a trabalhar em desarmonia, e conectá-las ou reconectá-las criando uma nova sinergia.
Um dos propósitos da vida de cada pessoa devia ser contribuir para curar o mundo, afinal, cada um de nós habita este mundo, e se não somos curadores somos doenças. Ou contribuímos para construir algo melhor do que o que já existe, ou pioramos os desequilíbrios e traumas que vamos encontrando por este caminho chamado vida.
Não há meio-termo. Tal como os alimentos que ou nos fazem bem ou mal, também na vida cada um de nós tem a opção de ser parte da solução, ou contribuir para o agravamento dos problemas.
Curar o mundo começa pela cura individual. Temos de ser capazes de nos curar a nós mesmos para construirmos um sistema de pessoas saudáveis, e com isso também contruímos um sistema de saúde sustentável – pois, ... não é tão impossível como parece.
Cada um de nós é o centro do seu próprio mundo. Quando cria harmonia no seu centro, essa energia é transmitida para fora. Quem somos grita em tudo aquilo que fazemos. É esse grito silencioso que constrói ou destrói as relações à nossa volta. Nenhum mundo terá paz quando as pessoas que o habitam lutam contra elas próprias e entre si.
A arte da cura consiste na integração de todas as componentes que fazem de nós seres humanos inteiros. É quando curamos as pessoas que curamos o mundo. Sim, está tudo relacionado. Não, não sou eu que estou a fazer uma confusão com os conceitos.
Pensar em curar, na sociedade ocidental, evoca pensamentos relacionados com medicina, hospitais e consultórios médicos, exames, cirurgias e muita, MESMO muita medicação de produção industrial.
Raramente, se pensa na cura como o processo natural do desenvolvimento do ser humano. É exatamente isso que a cura é: desenvolvimento integral. Conectar as partes que por algum motivo, acidente ou propósito, se desligaram.
Desde os primórdios da humanidade que somos atraídos pela ideia de curar as doenças. Na verdade, se perguntar à pessoa ao seu lado o que entende por doença, e depois fizer a mesma pergunta a outra pessoa que encontre no caminho, vai conseguir duas respostas diferentes.
Tal como a cura, a doença também tem um significado pessoal. A mesma doença pode significar diferentes coisas para pessoas diferentes. Isso implica que a mesma doença pode ter diferentes sintomas em pessoas diferentes, consoante a interpretação que lhe é dada.
Esta é a dimensão espiritual da nossa humanidade: a consciência. E está relacionada com a compreensão da linguagem, mas transcende a linguagem à medida que a consciência se expande. É por isso que é tão difícil falar sobre níveis elevados de consciência: não temos palavras para os descrever. A experiência vai além da linguagem. E cura.
A dimensão física e mental da nossa humanidade são o princípio da construção da consciência. (Esta é uma frase que à medida que a escrevo penso “talvez tenha de rever esta ideia mais tarde, quando a compreender melhor”. Decido escrevê-la à mesma, porque a perfeição não é o objetivo deste texto).
Algumas pessoas começam o seu processo de cura pela dimensão espiritual, outras pela dimensão mental, outras pelo físico.
Todos estes processos são válidos, podem conduzir-nos ao mesmo ponto de chegada: a saúde. Contudo, o mais sustentável e rápido dos caminhos é o do desenvolvimento integral.
Neste paradigma, que é um paradigma de saúde para os seres humanos e para o mundo, precisamos de algo que seja palpável para sabermos o que fazer por nós mesmos. Temos, para isso os 3 pilares da saúde: alimentação, respiração, movimento.
Cada pilar faz parte das nossas escolhas diárias. Se não escolhemos a saúde, estamos a escolher a doenças, mesmo que não seja ainda visível. O acumular das escolhas que fazemos ao longo da vida, leva-nos a um fim de percurso com saúde ou doença. E embora algumas doenças tenham origem genética, a grande maioria depende do estilo de vida de cada pessoa e de cada comunidade.
Como começar a curar?
Pode começar por onde quiser. No caso de ter uma doença instalada terá resultados mais rápidos se tratar essa doença primeiro.
Para quem não tem de se preocupar com doenças já existentes, a alimentação biológica é um bom princípio. Contribui para a construção da saúde individual e para a saúde do planeta, também. Mais um exemplo de como salvamos o mundo quando nos salvamos a nós mesmos.
A respiração nutre o corpo e a mente e cria o cenário sob o qual a consciência se desenvolve, o corpo se organiza e assimila a informação que recebe do mundo, processando-a para que faça sentido.
Este é também um dos elementos da cura: a criação de sentido. A organização das partes num todo coerente.
O movimento contribui para o livre fluir da vida em cada pessoa ou comunidade. Movimento tem muito a ver com comunicação, mais do que com fitness. A não ser que pensemos em fitness como a liberdade de movimentos que nos garante que conseguimos fazer o que precisamos, quando precisamos. Gosto desta ideia!
Movimento é também pensamento, respiração, fala. Movimento é vida.
O movimento cura quando conecta as partes num todo cada vez mais coerente e sinérgico.
Este é o primeiro artigo de uma série de artigos sobre a arte da cura.
Nesta série partilho consigo ideias que curam quando são postas em prática, tal como uma receita que pode fazer quando quiser.
Viver mais tempo e com saúde, um dos desafios da nossa era, tem a ver com a capacidade de cada ser humano cultivar saúde, a sua própria saúde, através das escolhas que faz no dia-a-dia.
Da mesma forma que o segredo do sucesso de atletas de alta performance está nos hábitos e rotinas de treino que preenchem os seu dias, também a receita para uma longevidade saudável está na construção sistemática de rotinas que promovam a saúde pessoal de cada um de nós.
Não é o melhor sistema se saúde, público ou privado, que garante que as pessoas vivem mais e com qualidade de vida. As pessoas mais velhas do planeta quase não visitam médicos, pois têm nas suas vidas um processo que promove o seu desenvolvimento integral.
Nesta série de artigos sobre a cura irei falar, ou melhor, escrever sobre estas regiões do planeta que detêm as comunidades de pessoas mais velhas e saudáveis. Escreverei sobre os fatores que fazem a diferença na saúde e que mantém a doença afastada. Como podemos trazê-los para as nossas vidas? Vai encontrar múltiplas respostas para esta pergunta.
As zonas azuis foram estudadas, por isso sabemos imenso sobre como promover a longevidade saudável, replicando o funcionamento destas comunidades. O desenvolvimento integral começa a despertar atenções, por conseguir explicar aquilo que até muito recentemente era considerado inexplicável e, até mesmo, um milagre.
Deixe-me esclarecer, para ser milagre não pode ser replicado sempre que queremos. Para ser milagre acontece apenas quando deus quer, não se traduz num processo ou método..
O único milagre da cura é o milagre da vida. Compreender a teia da vida, permite-nos agir na manutenção dos processos básicos que são a melhor garantia de saúde que temos. Isto não significa que seja simples, não é nada simples, também se fosse simples os seres humanos não precisariam de ser os animais mais inteligentes do planeta para o compreender. Qualquer animal selvagem ou da floresta seria detentor dos segredos da vida. Eu apostaria nas raposas, ou nos golfinhos… talvez as baleias tivessem hipótese de lá chegar também.
Qual seria a sua aposta? Talvez as árvores tenham mais inteligência do que é do conhecimento geral?...
Viva integralmente,
.jpg)








Comentários