Redescobrir a Beleza
- Andreia Ferreira Campos 
- 21 de jun. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de set. de 2023
A beleza natural que encontramos no caminho sempre nos predispomos a ver o mundo como ele é, aparece nos locais menos esperados. E a beleza humana o que a define? O conceito de proporção áurea está tão presente nos humanos como nos edificados arquitetónicos. Vamos conhecê-lo melhor?

Numa manhã de sol, numa praia do único concelho do país que teve uma cerca sanitária, já bem depois de passado o estado de emergência, e de ter começado o desconfinamento progressivo de Portugal e das suas gentes, redescobri a proporção áurea.
Dada a situação pandémica, mudei os meus rituais de sono, para ir à praia logo pela manhã e não incorrer em riscos desnecessários para a minha saúde e para a saúde de todos. Uma praia quase vazia, com o mar bem lá ao fundo, pôs a descoberto as rochas onde nasce mexilhão e encontrei nessas rochas evidências da proporção áurea.
Ver o que todos veem, pensar o que ninguém pensa, é um privilégio. É como se a cada passo um maravilhoso novo mundo se revelasse. Monotonia? O que é isso?!
A proporção áurea está por todo o lado. É a base estrutural da beleza, a sua tradução matemática. Também chamada a divina proporção, é a linguagem matemática que desconstrói a beleza física e leva-a a dimensões de abstração que apenas os especialistas conseguem verdadeiramente compreender.
O que eu quis compreender não foi a matemática em si. Interessou-me e intrigou-me o porquê da beleza ter uma estrutura matemática. E fui desvendando as intrincadas teias de conceitos que me levaram a escrever este post.
Que segredos esconde a beleza que nos pode aproximar dos desígnios que escreveram as regras do funcionamento do mundo?
A primeira das questões é: o que é a beleza?
Diferente para cada pessoa, comum a uma dada cultura.
Um poço sem fundo de possibilidades de resposta para filósofos e pensadores intelectuais, um simples conceito para mim que localizei a beleza no espetro da linguagem. Desta forma passo a ter não a perceção de beleza, que é única e pessoal para cada ser humano, mas o conceito de beleza. Que traduz este conceito?
A beleza traduz simetria, equilíbrio, harmonia.
Simples espetro que localiza no plano físico a simetria do que percecionamos. Um dos lados do espetro, estático, visível, momentâneo, o efeito do equilíbrio. Encontramos a simetria nos corpos tidos como mais bonitos, na arquitetura, em obras de arte como as de Da Vinci e Dali, no mundo natural. Cada vez que desviamos o olhar e vemos simetria sabemos que estamos na presença da divina proporção.
O mundo é áureo
Simetria é um conceito demasiado imutável para representar um mundo em constante mudança.
Os corpos evoluem, transformam-se, a simetria desvanece-se e, no entanto, a beleza permanece. Os compassos mudam de tom, sinfonias criam triunfantes ruturas de ritmo, compondo complexas melodias com altos e baixos que traduzem a vida, as emoções humanas, numa beleza inegável que não se define pela simetria.

Também a beleza tem diferentes dimensões, consoante a sensibilidade do olhar, do ouvido, do toque, do olfato, do paladar e da memória humana. Sim, a beleza é condicionada pela memória.
O segredo das rosas, das árvores, das plantas em geral não é a rigidez representada na simetria, mas antes o equilíbrio proporcional entre as partes. Equilíbrio é um conceito que nos evoca um maior dinamismo. O movimento que caracteriza a vida.
A capacidade de adaptação que tanto nos é pedida face a circunstâncias adversas como a pandemia ou as alterações climáticas, não é uma descoberta exclusivamente humana. A natureza está cheia de segredos que qualquer um de nós pode descobrir. Como o exemplo de flexibilidade nas plantas que dançam com o vento e não partem os seus sólidos troncos. Animais que hibernam num equilíbrio com as estações do ano, que os leva a ciclos de atividade e repouso, resultando numa sobrevivência otimizada.
No pólo oposto do espectro: o exponencial máximo da beleza traduz harmonia. É o padrão geométrico de insuperável harmonia que se esconde na proporção áurea.
A harmonia reflete a ação combinada de múltiplos sistemas. Cada sistema vive num equilíbrio dinâmico. A harmonia é o equilíbrio aplicado à complexidade. É o resultado da complexidade saudável, da complexidade descomplicada.
É a harmonia que garante a continuidade, a eternidade.
E o que me permite compreender tudo isto é a linguagem. Permite-me compreender que o equilíbrio nunca se perde, os sistemas encontram sempre novos equilíbrios. O que se pode perder é a harmonia. Se o novo equilíbrio for desarmonioso e assimétrico o sistema tende não para a vida mas para a extinção. Transformando-se em matéria com outras dimensões de complexidade.

A proporção áurea confere a base harmoniosa e sustentável que garante a durabilidade dos edifícios vivos e não vivos. A beleza é dela reflexo. A beleza é um reflexo de saúde, de harmonia entre vários sistemas do corpo e da mente.
Ao contrário dos edifícios arquitetónicos a sustentabilidade do edifício corpo humano é tanto maior quanto menos sólidos forem os seus alicerces. Mais sobre este tema num artigo futuro.
Este é o tipo de leitura que pode esperar no blogue Integralmente.
Eu sou Andreia Campos e por aqui escrevo sobre a minha perceção do mundo, sobre a aplicação na prática do paradigma do desenvolvimento integral a diferentes áreas da vida e sobre a forma como as minhas escolhas definem um estilo de vida muito próprio. Escrevo sobre como a expansão da compreensão nos pode levar a uma vida mais feliz, por exemplo, na descoberta da beleza entre algas e rochas que todos veem, embora poucos compreendam, e como essa beleza descoberta tem o poder de se multiplicar e criar muito mais beleza falada e escrita, pintada ou fotografada, imaginada ou filmada, cozinhada ou crua: compreender cria um mundo mais bonito.
Escrevo para si e para todos os que queiram ter beleza nas suas vidas.
Partilhe este artigo e leve um pouco de beleza à monotonia dos dias de outras pessoas, tornam as suas vidas mais belas, ainda que por um momento.
Viva integralmente.
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